Se eu tivesse dito NÃO, certamente ele ficaria. Mas se eu tivesse dito sim, ele ficaria como das outras vezes em que eu disse e ele ficou, mas ficou apenas por ficar, ficou apenas para não se sentir culpado por ter me abandonado. Ontem em mais umas daquelas conversas tão conhecidas e repetitivas, em que se falam: promessas, ressentimentos, eu te amo; ele me olhou nos olhos e perguntou se eu realmente queria que ele fosse e lutando contra todos os ventos contrários, eu disse que sim. Tinha que provar para mim mesma que sou forte, que não sou tão dependente assim, que esse vício não consegue me dominar tão profundamente a ponto que eu confunda amor com conformismo. Eu disse sim, mas foi com coração gritando nãaaaaaao, foi com coração chorando e a razão tranqüila. Pode dizer que é hipocrisia querer e agir como se não quisesse, ou ter e agir como se não tivesse. Eu sabia que se eu dissesse não, ele adorar, eu também, e esse é o problema, eu iria gostar, por que realmente a presença dele é ótima, mas com o tempo eu também iria gostar das satisfações não ditas, dos telefonemas não atendidos, das explicações sem nexo e do jeito torto que ele tem de ‘’amar’’. Eu iria me conformar com esse amor que ele diz que sente, mas eu posso tolerar. Eu iria gostar de ser segundo plano sempre, estaria pronta quando ele chamasse e acataria quando ele se atrasasse e ligasse uma hora depois dizendo que não viria mais. Eu iria viver em um cativeiro implícito e vigiado por mim mesma. Iria ter momentos felizes, sim iria, mas não iria ser feliz sempre, por que momentos são apenas momentos, é um tempo muito diferente de uma vida inteira. Eu queria ter dito não, e ter ficado sentindo seu cheiro, ter ganhado mais um abraço daqueles que ele tanto insistira em me dá. Teria visto mais um pouco seu rosto já decorado pelo meu olhar, teria visto aquelas rugas se formarem em sua testa em saber que eu estava pensando ‘’besteira’’ como sempre diz. Veria sua indignação e ao mesmo tempo saudade ao falar da Renata, veria mais uma vez o orgulho em seus olhos ao me olhar e chamar-me de: minha universitária. Nesse momento eu estaria feliz, nós estaríamos felizes, mas seria só mais um momento e não uma vida. Eu acho, não sei bem. Fiz tudo ao contrário do que queria, mas fiz o que deveria ser feito. Sei que vai doer uma semana, dois meses ou anos, mas quando nos encontrarmos e a razão ficar em sintonia com o coração, então viveremos uma vida e não momentos, apenas.
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